segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Plantas medicinais e aromáticas - Parte 1


O uso de plantas medicinais pela população mundial tem sido muito significativo nos últimos tempos. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que cerca de 80% da população mundial fez o uso de algum tipo de erva na busca de alívio de alguma sintomatologia dolorosa ou desagradável. Desse total, pelo menos 30% deu-se por indicação médica. A utilização de plantas medicinais, tem inclusive recebido incentivos da própria OMS. São muitos os fatores que vêm colaborando no desenvolvimento de práticas de saúde que incluam plantas medicinais, principalmente econômicos e sociais.

"As plantas medicinais brasileiras não curam apenas, fazem milagres". Com esta célebre frase, Von Martius
definiu bem a capacidade de nossas ervas medicinais. É bem provável que das cerca de 200.000 espécies vegetais que possam existir no Brasil, na opinião de alguns autores, pelo menos a metade pode ter alguma propriedade
terapeutica útil à população, mas nem 1% dessas espécies com potencial foi motivo de estudos adequados. As pesquisas com estas espécies devem receber apoio total do poder público, pois, além do fator econômico, há que se
destacar a importância para a segurança nacional e preservação dos ecossistemas onde existam tais espécies.
Muitas substâncias exclusivas de plantas brasileiras encontram-se patenteadas por empresas ou órgãos
governamentais estrangeiros, porque a pesquisa nacional não recebe o devido apoio. Hoje em dia, o custo para desenvolver medicamentos sintéticos ou semissintéticos é muito elevado e tem se mostrado pouco frutífero. Os trabalhos de pesquisa com plantas medicinais, via de regra, originam medicamentos em menor tempo, com custos muitas vezes inferior e, consequentemente, mais acessíveis à população, que, em geral, encontra-se sem quaisquer condições financeiras de arcar com os custos elevados da aquisição de medicamentos que possam ser utilizados como parte do atendimento das necessidades primárias de saúde, principalmente porque na maioria da vezes as matérias primas utilizadas na fabricação desses medicamentos são importadas. Por esses motivos ou pela deficência da rede pública de assistência primária de saúde, cerca de 80% da população brasileira não tem acesso aos medicamentos ditos essenciais.
As plantas medicinais, que têm avaliadas a sua eficiência terapêutica e a toxicologia ou segurança do uso, dentre outros aspectos, estão cientificamente aprovadas a serem utilizadas pela população nas suas necessidades básicas de saúde, em função da facilidade de acesso, do baixo custo e da compatibilidade cultural com as tradições populares.
Uma vez que as plantas medicinais são classificadas como produtos naturais, a lei permite que sejam
comercializadas livremente, além de poderem ser cultivadas por aqueles que disponham de condições mínimas necessárias. Com isto, é facilitada a automedicação orientada nos casos considerados mais simples e corriqueiros de uma comunidade, o que reduz a procura pelos profissionais de saúde, facilitando e reduzindo ainda mais o custo do serviço de saúde pública.
Por essas razões é que trabalhos de difusão e resgate do conhecimento de plantas vêm-se difundindo cada vez mais, principalmente nas áreas mais carentes.
Em todo o Brasil se multiplicam os programas de fitoterapia, apoiados pelo serviço público de saúde. Têm-se
formado equipes multidisciplinares responsáveis pelo atendimento fitoterápico, com profissionais encarregados do cultivo de plantas medicinais, da produção de fitoterápicos, do diagnóstico médico e da recomendação destes produtos.
Para a OMS, saúde é : "Um bem - estar físico, mental e social e não apenas ausência de doença.". O uso de
plantas medicinais como prática alternativa pode contribuir para a saude dos indivíduos, mas deve ser parte de um sistema integral que torne a pessoa realmente saudável e não simplesmente "sem doença".

Os Princípios Ativos
As plantas sintetizam compostos químicos a partir dos nutrientes da água e da luz que recebem. Muitos desses compostos ou grupos deles podem provocar reações nos organismos, esses são os princípios ativos. Algumas dessas substâncias podem ou não ser tóxicas, isto depende muito da dosagem em que venham a ser utilizadas. Assim, "Planta medicinal é aquela que contém um ou mais de um princípio ativo que lhe confere atividade terapêutica".
Nem sempre os princípios ativos de uma planta são conhecidos, mas mesmo assim ela pode apresentar atividade medicinal satisfatória e ser usada desde que não apresente efeito tóxico.
Existem vários grupos de princípios ativos, abordaremos apenas alguns de maior importância no Quadro I, abaixo:
Quadro I - Características de alguns Grupos de Princípios Ativos em Plantas Medicinais
GRUPO DE PROPRIEDADES MEDICINAIS E/OU TÓXICAS
PRINCIPIOS ATIVOS
1. ALCALÓIDES: Atuam no sistema nervoso central (calmante, sedativo,estimulante, anestésico, analgésicos).Alguns podem ser cancerígenos e outros antitumorais. Ex.: Cafeína do café e guaraná, teobromina do cacau, pilocarpina do jaborandi, etc.
2. MUCILAGENS: Cicatrizante, antinflamatório, laxativo, expectorante e antiespasmódico.Ex.: babosa e confrei.
3. FLAVONÓIDES: Antinflamatório, fortalece os vasos capilares, antiesclerótico, anti-dematoso, dilatador de coronárias, espasmolítico, antihepatotóxico, colerético e antimicrobiano. Ex.: rutina (em arruda e favela).
4. TANINOS: Adistringentes e antimicrobianos (antidiarréico). Precipitam proteínas.
Ex.: barbatimao e goiabeira.
5. ÓLEOS ESSENCIAIS: Bactericida, antivirótico, cicatrizante, analgésico, relaxante, expectorante e
antiespasmódico. Ex.: mentol nas hortelãs, timol no tomilho e alecrim pimenta, ascaridol na erva-de-santa-maria, etc.
Fonte: Martins (1992).
CULTIVO DE HORTA MEDICINAL
Para iniciar uma horta Medicinal, precisamos selecionar as espécies e identificar corretamente as plantas. Uma horta medicinal, por certo, deverá produzir satisfatoriamente, ervas que podem ser usadas na culinária, temperos e aquelas de uso de rotina para o tratamento de doenças mais comuns do organismo.
Tão logo sabemos o que plantar e por que plantar devemos agora saber onde plantar uma horta medicinal.
LOCAL
O local a ser escolhido para implantação de uma horta medicinal deverá ter água disponível em abundância e de boa qualidade, e se ainda exposto ao sol, principalmente pela manhã.
O SOLO
O solo deve ser leve e fértil para que as raízes tenham facilidade de penetrar e desenvolver.
Tendo disponibilidade é bom fazer a análise do solo, principalmente se tratando de horta comercial.
Quanto ao aspecto físico do solo, pode ser melhorado, no seu preparo, incorporando no mesmo, esterco e/ou composto orgânico, onde fornecerá nutrientes que ajudarão a reter a umidade.
A correção do solo pode ser feita com calcário, e ainda podemos também adubá-lo com um produto natural que é o humus.
Certas espécies exigem solos úmidos como é o caso do chápeu-de-couro, cana-de-macaco, etc.
Outras já gostam de terrenos areno-argilosos, com umidade controlada, é o caso de cará, bardana, alecrim, etc.
MÉTODOS DE PROPAGAÇÃO
1 - Propagação Sexuada
*Sementes
*Sementeira/Transplante
*Semeadura direta
2 - Propagação Assexuada ou Vegetativa
*Estacas de folhas
*Estacas de caule
*Estacas de raízes
*Bulbos
*Rizomas
*Filhotes ou rebentos
*Divisão de touceiras
PREPARO DO SOLO
Primeiramente fazemos uma limpeza geral da área, e a seguir revolvemos o solo com enxadão, pá-reta ou arado (mecanizado ou tração animal).
A declividade da área é um fator de grande importância, pois se a mesma apresentar esta característica, devemos planejar antes a distribuição das espécies e a formação dos canteiros a fim de evitar a erosão.
Como por exemplo podemos citar o plantio de capim-limão em curva de nível onde o mesmo transforma-se numa faixa de retenção. Os canteiros e covas por sua vez também devem obedecer sua confecção em curvas de nível.
Iniciamos a formação das sementeiras e canteiros, com as seguintes dimensões: 1 a 1,2 metros de largura e 0,2 metros de altura.
Nas sementeiras, vale lembrar que a terra deve ser bem fofa, e as sementes podem ser cobertas com areia bem fina ou terra coada.
As covas que serão feitas para plantio de algumas espécies, devem ter 30 cm de largura x 30 cm de comprimento e 30 de fundura.
ADUBAÇÃO
É recomendável realizar a fosfatagem, com fosfatos naturais para corrigir a deficiência de fósforo típica dos solos brasileiros. De uma maneira geral, pode-se usar 150g de fosfato/m2/canteiro.
Uma adubação equilibrada é a chave para a obtenção de plantas mais resistentes a pragas e doenças também com maiores teores de fármacos, sem comprometer a produção de massa verde.
Para fazer a correção básica do solo recomenda-se usar 150g de calcáreo/m2/canteiro.
O esterco de bovino é colocado na proporção de 6 a 101/m2/canteiro e esterco de galinha de 2 a 3 litros/m2/canteiro, estes devendo estar totalmente curtidos.
Podemos acrescentar 2 litros de humus/m2/canteiro.
Em covas deve-se colocar 1/4 das dosagens recomendadas/m2 para cada canteiro.
Nas sementeiras a adubação é a mesma dos canteiros.
PRAGAS E DOENÇAS
As espécies medicinais normalmente apresentam alta resistência ao ataque de doenças e pragas, mas, por algum desequilíbrio, este pode ocorrer em níveis prejudiciais. Num ambiente equilibrado, com plantas bem nutridas, a possibilidade de ataque diminui. O uso de produtos químicos(agrotóxicos) é condenado para o cultivo de espécies medicinais, isto se justifica pela ausência de produtos registrados para estas espécies, conforme exigência legal, e pelas alterações que tais produtos podem ocasionar nos princípios ativos. Tais alterações vão desde a permanência de resíduos tóxicos sobre as plantas até a veiculação de metais pesados como o cádmio e o chumbo. Se para os alimentos já se buscam alternativas para evitar o uso de produtos tóxicos, para a produção de fitoterápicos a atenção deve ser redobrada.
Podemos citar como exemplos destas alterações o uso de afalon (linuron) em camomila, que alterou significamente a concentração dos princípios ativos da flor, segundo pesquisa feita por REICHLING (1979). Testes realizados por STARR et. al. (1963) mostram que o uso de inseticidas/fungicidas em menta deixam resíduos tóxicos nos seus óleos essenciais.
PRAGAS DOENÇAS
Ácaros Fungos
Besouros Bactérias
Cachonilhas Vírus
Formigas
Lagartas
Percevejos
Pulgões
Lesmas
Nematóides
CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS
a) MEDIDAS GERAIS
- Seleção de área de cultivo
- Manejo do solo
- Rotação de culturas
- Plantio na época correta
- Usar sementes, mudas, estacas de plantas sadias
- Plantio no espaçamento adequado
- Consorciação
Uma área grande de plantas da mesma espécie pode facilitar o surgimento e rápido desenvolvimento de pragas e doenças específicas. A consorciação de duas ou mais espécies reduz este risco. É necessário, entretanto, fazer um planejamento desta consorciação por causa dos efeitos alelopáticos (ação de uma espécie sobre o desenvolvimento da outra). Quando não há informações sobre o efeito da consorciação ela deve ser testada primeiro em uma pequena área. Abaixo vemos alguns exemplos de asssociações benéficas e associações que devem ser evitadas.
- Alfavaca: seu cheiro repele moscas e mosquitos. Não devem ser plantadas perto da arruda.
- Funcho: em geral não se dá bem com nenhuma outra planta.
- Cravo-de-defunto: protege as lavouras dos nematóides. Aparentemente não é prejudicial a nenhuma outra planta.
- Hortelã: Seu cheiro repele lepidópteros tipo borboleta-da-couve podendo ser plantada como bordadura de lavouras.
Exige atenção pois se alastra com facilidade.
- Manjerona: melhora o aroma das plantas.
- Alecrim: mantém afastados a borboleta-da-couve e a mosca-da-cenoura. É planta companheira da sálvia.
- Catinga-de-mulata: seu aroma forte mantém afastados os insetos voadores. Pode ser plantado em toda área.
- Tomilho: seu aroma mantém afastada a borboleta-da-couve.
- Losna: como bordadura, mantém os animais fora da lavoura, mas sua vizinhança não faz bem a nenhuma outra planta; mantenha-o um pouco afastado.
- Mil-folhas: planta-se com bordadura perto de ervas aromáticas: aumenta a produção de óleos essenciais.
- Arnica brasileira: inibe a germinação de sementes de plantas daninhas.
b) MEDIDAS ESPECÍFICAS PARA CONTROLE DE PRAGAS
- Macerado de samambaia
Colocar 500 gramas de folhas frescas ou 100 gramas de folhas secas em um litro de água por dia. Ferver meia hora.
Para aplicação diluir um litro deste macerado em dez litros de água.
Controla ácaros, cochonilhas e pulgões.
- Macerado curtido de urtiga
Colocar 500 gramas de folhas frescas ou 100 gramas de folhas secas em um litro de água e deixar dois dias. Para aplicação diluir em 10 litros de água e pulverizar sobre as plantas ou no solo.
Controla pulgões e lagartas (aplicado no solo)
- Macerado de fumo
Picar 10 cm de fumo de corda e colocar em um litro de água por um dia em recipiente não-metálico com tampa.
Diluir em 10 litros de água e pulverizar as plantas.
Controla cochonilhas, lagartas e pulgões.
- Mistura álcool e fumo
Coloque 10 cm de fumo picado em uma tijela e cubra com álcool misturado com um pouco de água. Quando o fumo absorver o álcool, coloque mais álcool misturado com um pouco de água e deixe 15 dias de molho, tampando a
tijela, para que a nicotina seja retirada do fumo. Coloque o líquido em uma garrafa com tampa e, na hora de usar, misture com sabão ralado e água nas seguintes proporções: um copo de mistura de água e fumo, 250 gramas de sabão e 10 litros de água.
Controla pulgões.
- Mistura de querosene, sabão e macerado de fumo
Aqueça 10 litros de água, 20 colheres de sobremesa de querosene e 3 colheres de sopa de sabão em pó
biodegradável. Deixe esfriar e adicione um litro de macerado de fumo. Pulverizar sobre as plantas.
Controla cochonilhas com carapaça e ácaros.
- Mistura de sabão, macerado de fumo e enxofre
Misturar em 10 litros de água morna, meia barra de sabão, um litro de macerado de fumo e um kg de enxofre.
Deixar esfriar e pulverizar sobre as plantas.
Controla ácaros.
- Cravo de defunto
Quando plantado nas bordaduras impede o aparecimento de nematóides nas plantas cultivadas.
- Tajujá, taiuiá ou melancia-brava
É uma planta trepadeira cujas folhas são bem parecidas com as da melancia. A raiz é semelhante à da mandioca.
Apanha-se esta raiz, corta-se em pedaços de 10 cm e distribui-se na lavoura. A seiva ou líquido existente na raiz atrai insetos, fazendo com que estes não ataquem a planta cultivada. Deve ser renovada regurlamente.
Controla besouros ( "vaquinha" ).
- Purungo ou cabaça
Também é uma planta trepadeira. Suas folhas são parecidas com as de abóbora. Quando o fruto está maduro (seco) é usada para cuia de chimarrão. Quando está verde, o fruto cortado ao meio atrai insetos, devendo ser espalhado na lavoura, como o tajujá.
Controla besouros ("patriota") .
- Soro de leite
Quando pulverizado sobre as plantas, resseca e mata ácaros.
- Armadilha luminosa
Colocar uma lanterna de querosene acessa a partir das sete horas da noite no meio da lavoura e deixar até de
madrugada, principalmente nos meses de novembro a fevereiro. As mariposas são atraídas pela luz e batem no vidro da lanterna, caindo num saco de estopa aberto que é colocado logo abaixo. No dia seguinte matar as mariposas.
Controla mariposas, especialmente a mariposa-oriental (broca-dos-ponteiros) que ataca os pomares.
-Saco de aniagem
Umidecê-lo com um pouco de leite e colocar na lavoura em vários locais. No dia seguinte pegar as lesmas que estão aderidas ao saco e matá-las.
- Solução de água e sabão
Colocar 50 gramas de sabão caseiro em 5 litros de água quente. Após esfriar, aplicar com o pulverizador.
Controla pulgões, cochonilhas e lagartas.
- Infusão de losna
Derramar um litro de água fervente sobre 300 gramas de folhas secas e deixar em infusão por 10 minutos. Diluir em
10 litros de água. Pulverizar sobre as plantas.
Controla lagartas e lesmas.
- Cerveja
A cerveja atrai lesmas. Fazer armadilhas com latas de azeite, tirando a tampa e enterrando-as a com abertura no nível do solo. Colocar um pouco de cerveja misturada com sal. As lesmas caem na lata atraídas pela cerveja e morrem desidratadas pelo sal.
Controla lesmas.
- Pimenta vermelha
Pimenta vermelha bem socada, misturada com bastante água e um pouco de sabão em pó ou líquido pulverizada sobre as plantas, age como repelente de insetos.
Outras plantas também podem ser utilizadas como inseticidas, entre as quais se destacam:
- Piretro
É obtido de algumas plantas do gênero Chrysanthemum, da família Asteraceae, com o qual se faz um inseticida contra pulgões, lagartas e vaquinhas. É obtida fazendo-se a maceração das flores. Sua ação pode ser aumentada (ação sinergística ) com uso da sesamina, produto obtido do extrato de gergelim ( sesamum indicum ), da família
Pedaliaceae.
- Alamanda
Ou chapéu-de-Napoleão. São plantas do gênero Allamanda, da família Apocynaceae. Com suas folhas prepara-se uma infusão para combater pulgões e cochonilhas.
- Santa Bárbara
Ou cinamomo, a Melia azedarach. da família Meliacea. O extrato alcoólico de seus frutos é utilizado para combater pulgões e gafanhotos. A substância encontrada nesta planta, a azadirachtina, inibe o consumo das plantas por estes insetos.
- Arruda
Ruta graveolens. da família Rutaceae. Suas folhas são utilizadas no preparo de uma infusão para o combate a
pulgões.
- Pimenta-do-reino
Piper niger, da família Piperaceae. De seus frutos se extrai uma substância que inibe o consumo das plantas por diversos insetos.
c) MEDIDAS ESPECÍFICAS PARA CONTROLE DE DOENÇAS
- Chá de camomila
Imergir um punhado de flores em água fria por um ou dois dias. Pulverizar as plantas, principalmente as mudas em sementeira.
Controla diversas doenças fúngicas.
- Mistura de cinza e cal
Dissolver 300 gramas de cal virgem em 10 litros de água e misturar mais 100 gramas de cinzas. Coar e aplicar sobre as plantas por pincelamento ou pulverização durante o inverno, quando as árvores estão em dormência.
Controla barbas, líquens e musgos.
- Cal
Fazer uma pasta de cal e pincelar sobre o tronco. Com isto evita-se a subida de formigas e ajuda controlar a barba das frutíferas.
- Pasta de argila, esterco, areia fina e chá de camomila
Misturar partes iguais de argila (barro), esterco, areia fina e chá de camomila, de modo a formar uma pasta. Usar para proteger os cortes feitos por podas e também ramos ou troncos doentes durante o outono após a queda das
folhas e antes da floração e brotação.
- Chá de raiz forte (crem)
Derramar água quente sobre folhas novas da raiz forte e deixar em infusão por 15 minutos. Diluir 1 litro da infusão em 2 litros de água e pulverizar a planta toda.
Controla podridão parda das frutíferas.
- Pasta bordaleza
Diluir um kg de sulfato de cobre bem moído com um pouco de água, mexendo bem com uma vara. Em outro
vasilhame queimar um kg de cal virgem com água quente, a qual deve ser colocada bem devagar. Esperar até que a solução esfrie. Em um terceiro vasilhame, com capacidade para 10 litros, colocar a solução de cal e a solução de sulfato de cobre, pouco a pouco e mexendo bem com uma vara. Depois completar até os dez litros com água e mexer bem novamente. Aplicar com uma brocha de pedreiro e pintar os troncos e os galhos mais grossos, evitando as folhas e galhos mais finos. Aplicar durante o inverno.
Controla barba, líquens, musgos, algas em frutíferas e ajuda controlar doenças bacterianas em outras plantas.
- Calda sulfocálcica
É o melhor produto para o tratamento de inverno das frutíferas. Diluir 1.5 kg de enxofre em pó em água,
acrescentando um pouco de espalhante adesivo para dissolver melhor. Em seguida colocar em uma lata com
capacidade de vinte litros e levar ao fogo acrescentando 10 litros de água. Colocar nesta lata 1.2 de cal virgem fresco e mexer bem. Manter a mistura no fogo durante uma hora, acrescentando sempre um pouco de água para manter o volume inicial. Após uma hora a calda deve ter cor pardo-avermelhada. Deixar esfriar e coar em um pano. Para dosar a quantidade de água para diluir a calda teríamos que usar uma tabela e um aparelho chamado aerômetro de Baumé. Entretanto, em muitos casos não se justifica comprar este aparelho. Por isso, se o cal virgem e o enxofre forem bem frescos, sugerimos diluir um litro de calda em cinco litros de água. Em seguida pulverizar toda planta no inverno antes do inchamento das gemas.
Controla as mesmas doenças da calda, bordaleza, tendo excelente ação sobre fungos como ferrugem de alho e cebola.
Para controle de doenças provocadas por Cladosporium e Phytophthora recomenda-se aplicar extratos de plantas que contenham solanina, um alcalóide encontrado em diversas espécies do gênero Solanum (ex: batata, fumo-bravo, joá).
Além destes preparados para controlar/repelir pragas e doenças podemos ainda lançar mão dos inimigos naturais destas mesmas pragas e doenças. Um exemplo disto é o produto chamado DIPEL, que é um inseticida biológicocujo "ingrediente ativo" é uma bactéria ( Bacillus thuringiesis ) que, quando ingerida por lagartas de diversas espécies ( mas não todas ), parasita seu intestino levando-ás a morte. Esta bactéria não faz mal a outros insetos ou animais e não possui efeito residual.
d) Biofertilizante líquido
O biofertilizante, empregado apenas como adubo orgânico com excelentes resultados, é um efluente pastoso,
resultante da fermentação da matéria orgânica, por um determinado tempo, na ausência total de oxigênio. Mas, a partir de 1985, técnicos da EMATER-RIO começaram a observar os efeitos do biofertilizante liquído diluído em água, percebendo redução do ataque de pragas e doenças. Os efeitos foram:
- nutricional, com aumento da produtividade;
- fito-hormonal,induz floração e facilita o enraizamento de estacas;
- nematicida, controla larvas e nematóides quando aplicado puro sobre o solo;
- fungistático e bacteriostático, reduzem o ataque de fungos e bactérias;
- inseticida e repelente, mata insetos de "corpo mole" (formas larvais e jovens), como lagartas, e repele os ditos de "corpo duro" (insetos adultos alados).
Todas as ações ocorrem sem haver desequilíbrios, pois o biofertilizante é constituídosimplesmente por macro, meso e microelementos e aminoácidos úteis ao desenvolvimento do vegetal. Não é recomendado pulverizar durante a floração, para não haver prejuízos à polinização.Para produzir o biofertilizante, a EMATER-RIO recomenda uma bombona plástica com esterco bovino misturado em partes iguais com água pura, não-clorada, deixando-se um espaço vazio de 15 a 20 cm no seu interior. Esta bombona é hermeticamente fechada, tendo adaptada, em uma de suas tampas, uma mangueira plástica fina, que tem a outra extremidade mergulhada em uma garrafa cheia de água.
Tudo isto serve para garantir a anaerobiose necessária ao processo de fermentação, a qual dura 30 dias. O material a ser empregado é coado em peneira e, posteriormente, filtrado em pano fino. O tempo de utilização do biofertilizante é reduzido, devendo ser usado imediatamente ou, no máximo, em uma semana, para que não perca o efeito fitosanitário. Caso não possa ser utilizado, ele deve voltar ao sistema anaeróbico, ficando por mais 30 dias. Neste caso, só terá efeito hormonal e nutricional.
A aplicação do biofertilizante é feita com os pulverizadores normalmente utilizadosnas lavouras. Dilui-se a 50%, isto é, colocam-se 50 litros de biofertilizante e completa-se com água para 100 litros ou proporções equivalentes.
Esta concentração garante o controle dos insetos de "corpo mole",agindo como inseticida de contato, repelindo as formas adultas. Elevando-se a concentração, aumenta também o controle dos insetos em formas adultas. À medida que se diminui a concentração da calda, diminui o efeito inseticida, permanecendo o efeito repelente de insetos adultos. As pulverizações são feitas em alto volume, ou seja, as plantas devem ser totalmente recobertas com a calda. As estacas poderão ser mergulhadas em biofertilizante liquído puro, por 1 a10 minutos, sendo secas à sombra por cerca de duas horas e postas a enraizar em seguida. Maiores informações são apresentadas no trabalho de VAIRO DOS SANTOS (1992).
Talvez o único inconveniente do uso do biofertilizante seja a carga microbiológica, que poderia ser aumentada sobre a parte aérea das plantas, comprometendo a qualidade. No entanto, não há estudos envolvendo plantas medicinais.
Quadro informativo sobre cultivo, colheita e propagação das plantas medicinais
Nome Nome Propagação Espaçamento Início da Porte da
Comum Botânico entre plantas(m) colheita planta (m)
ALECRIM Rosmarinus officinalis estacas 1,2 x 0,9 1 ano 1,0
ALECRIM Lippia sidoides estacas 1,5 x 1,2 1 ano 1,5
PIMENTA
CALÊNDULA Calendula officinalis sementes 0,2 x 0,2 no floresci mento 0,5
CONFREI Symplytum sp div. de touceiros 0,5 x 0,5 3 meses 0,5
CHAPÉU - DE - Equinodorus div. de touceiros 0,6 x 0,6 3meses 0,6 a 1,5
COURO macrophyllus
QUEBRA - Phyllantus niruri sementes 0,2 x 0,2 3 meses 0,5
PEDRA POEJO Mentha pulegium rizomas ou 0,3 x 0,3 3 meses rasteiro
estacas herbáceas
MIL - FOLHAS Achilea milefolium rebentos 0,5 x 0,3 4 meses 0,5
TANCHAGEM Plantago sp sementes 0,3 x 0,3 3 meses 0,4
GUACO Mikania glomerata estacas 3,0 x 2,5 6 meses trepadeira
ARTEMÍSIA Artemisia vulgaris sementes 0,3 x 0,3 no floresci mento 0,5
AGRIÃO Lepidium sativum ritozomas 0,3 x 0,3 3 meses rasteiro
sementes
HORTELÃ Mentha villosa estacas herbáceas 0,3 x 0,3 3 meses rasteiro
rizomas
BOLDO Vernonia condensata estacas 3,0 x 2,0 4 meses 2,5
CAMPIM - Cymbopogon citratus div. de touceiras 1,0 x 0,4 3 meses 0,5
SANTO
ERVA DE SANTA- MARIA ambrosioide Chenopodium sementes 0,5 x 0,5 3 meses 0,8
FOLHA DA Bryophyllum folhas 0,5 x 0,5 6 meses 0,6 a 1,0
FORTUNA pinnatum
FUNCHO Foeniculum vulgare sementes 0,3 x 0,3 3 a 4 meses 0,8
GENGIBRE Zingiber officinalis rizomas 0,5 x 0,5 8 a 10 meses 0,9 a 1,2
MARACUJÁ Passiflora edulis sementes 5,0 x 3,0 1 ano trepadeira
MENTRASTO Agerato conyzóides sementes 0,3 x 0,3 3 meses 0,5
ERVA CIDREIRA- DE ARBUSTO Líppia alba sementes estacas 1,0 x 0,5 6 meses 1,0
CAMOMILA Chamomila recutita sementes 0,5 x 0,15 4 a 6 meses 0,4
ORÉGANO Origanum vulgare sementes ou 0,6 x 0,3 1 ano 0,3
estacas herbáceas
TOMILHO Thymus vulgaris sementes ou 0,6 x 0,3 18 meses 0,3
estacas herbáceas
CARQUEJA Bicharis articulata sementes ou 0,5 x 0,3 5 meses 0,6
estacas
ALHO Allium sativum bulbilhos 0,25 x 0,10 4 a 5 meses 0,3 a 0,4

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